“Design inteligente” é mais do que pseudociência, é estratégia política
Fonte: Questão de Ciência
Por: Carlos Orsi
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Apresentação do blog Saúde Pública(da) ou não saudepublicada13 de março de 2014 Este é um Blog criado por médicos que valorizam a Saúde Pública. Pretendemos ajudar os leitores a entender o que é (ou não) publicado sobre Medicina/Saúde e por quê. Sabemos que matérias médicas publicadas na imprensa não têm o valor de uma publicação científica. As publicações e pesquisas médicas podem apresentar erros por diversas causas e interesses. A imprensa leiga está bem mais sujeita a distorções de toda ordem. Pensamos que os leitores podem necessitar uma fonte de informações sobre temas publicados ou omitidos. Também teremos liberdade e condições para analisar as políticas governamentais de saúde. E como elas são, bem ou mal, interpretadas e divulgadas pela imprensa. Nossos textos deverão ser basicamente sobre SAÚDE PÚBLICA(DA) OU NÃO. Entendendo melhor as possibilidade do nome do blog: SAÚDE PÚBLICA: abordaremos matérias relacionadas à saúde e à doença tanto físicas/somáticas e/ou emocionais/mentais com ênfase no coletivo. OU NÃO: medicina privada; planos de saúde; medicina como atividade econômica; interesses corporativos; etc. PUBLICADA: pelos governos e imprensa do Brasil e exterior. NÃO PUBLICADA: informações ou programas de Saúde Pública omitidos pela imprensa nacional ou estrangeira.
Fonte: Questão de Ciência
Por: Carlos Orsi
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Qualquer corrente alternativa que confronte a medicina baseada na ciência tem associados produtos e/ou serviços. Falsos medicamentos, falsos especialistas que dão consultas, cursos e palestras, que publicam livros, etc.
A pergunta salta à vista do título do livro “Os Inimigos das Crianças: A iliteracia científica e os mitos da ignorância” (Casa das Letras, 2019), de vários autores, coordenado pelo especialista em neurodesenvolvimento Miguel Mealha Estrada e com prefácio do neuropediatra Nuno Lobo Antunes.
Serão muito poucos os pais que não querem o melhor para os filhos. Mas vivemos em tempos particulares. Décadas de medicina baseada na ciência esvaneceram os horrores da doença e da morte prematura. Os actuais jovens pais nunca viram ninguém com sarampo, não sabem de nenhuma mulher que tenha morrido a dar à luz nem perderam irmãos na infância.
É natural que muitos se sintam seguros e sabichões. A informação aparenta estar ao alcance de qualquer um que tenha acesso à internet e algum tempo livre. Mas é sempre possível encontrar uma página, um canal de youtube ou uma diarreia de tweets que pomposamente defenda qualquer disparate. Na Internet há de tudo e o seu contrário. Para tirar teimas não é difícil encontrar uma bolha de “amigos” no Facebook, que se confortam e criam uma ilusão de sentido no disparate. Quem discorda é rapidamente expulso, a blasfémia não é tolerada (é inacreditável o que se passa nos grupos de defensores da Terra Plana, por exemplo). Os algoritmos das redes sociais dão uma ajuda, pois mostram-nos preferencialmente os conteúdos com que temos mais probabilidade de interagir, que são aqueles com os quais concordamos.
E depois há os negócios. Talvez alguns comecem com pessoas auto-iludidas que querem fazer da sua epifania um modo de vida e “ajudar” os outros. Mas no fim do dia são negócios. Como escreveu o autor norte-americano Upton Sinclair “é difícil fazer um homem compreender uma coisa quando seu salário depende, acima de tudo, de não a compreender”.Qualquer corrente alternativa que confronte a medicina baseada na ciência tem associados produtos e/ou serviços. Falsos medicamentos, falsos especialistas que dão consultas, cursos e palestras, que publicam livros, etc.
Se podemos concordar que um adulto tenha uma ampla liberdade de decisão — devendo ter acesso a informação fundamentada — as decisões de saúde tomadas pelos filhos são mais delicadas. O conhecido caso do adolescente norte-americano Ethan Lindenberger, que se vacinou contra a vontade dos pais anti-vacinas quando fez 18 anos, é uma boa ilustração do problema.
O livro “Os Inimigos das Crianças” discute de modo fluído e muito bem fundamentado vários temas em que a desinformação é abundante. Por exemplo, num capítulo assinado pelo médico especialista em Medicina Geral e Familiar Armando Brito de Sá, discute-se a moda dos “doulas” e dos partos planeados em casa:
“Ainsatisfação actual acerca da forma como o parto decorre no contexto hospitalar não se resolve com partos em casa, que são um convite ao desastre, nem provavelmente com a introdução no sistema de pessoas bem intencionadas e modas new age. Essa insatisfação resolve- se através de modificações profundas nos serviços hospitalares de obstetrícia, aumentando as escolhas referentes ao parto e respeitando as decisões das mulheres, desde que isso não as coloque, e aos bebés, em risco.”
No capítulo seguinte, Armando Brito de Sá e a especialista em Medicina Geral e Familiar Sara Faustino, debruçam-se sobre a amamentação:
“Socialmente, estamos perante um processo complexo, com intervenção de forças por vezes contraditórias, que incluem convicções pes soais sobre o aleitamento, pressão social e laboral, forças de marketing e modelos de prestação de cuidados de saúde. Em algumas áreas, assiste-se inclusivamente a uma espécie de demonização do aleitamento artificial queécientificamente infundado e social mente inaceitável.”
O também especialista em Medicina Geral e Familiar Flávio Rodrigo Simões discute a vacinação e os movimentos anti-vacinas, refutando alguns dos principais mitos propalados pelos seus paladinos, como o de que são dadas demasiadas vacinas em pouco tempo:
“Em primeiro lugar, muitas doenças da infância preveníveis com vacinas podem surgir muito pre cocemente (exemplo: tosse convulsa). Atrasar a administração da vacina pode resultar numa infec ção grave. Ironicamente, o sistema imunitário da criança estará menos preparado para responderàinfecção do queàvacina.
Em segundo lugar, não háevidência de que a exposição antigénica precoce«sobrecarregue»de alguma forma o sistema imunitário de uma crian ça saudável. pelo contrário, a evidência disponível mostra que a exposição antigénica vacinal não tem qualquer impacto no funcionamento do sistema imunitário ou no risco de desenvolver infecções.”
Também o uso da ritalina e a Perturbação da Hiperactividade e Défice de Atenção (PHDA) são abordados num capítulo assinado pelo especialista em Medicina Geral e Familiar Óscar de Barros e por Miguel Mealha Estrada:
“A PHDA nãoéde todo uma patologia moder na. Existe o mito de que a PHDAéuma doença da modernidade, que a PHDA está a aumentar de forma dramática, que a causa desse aumentoéum sobrediagnóstico da doença em crianças que são saudáveis (…). Isto nãoéverdade na maioria dos cenários avalia dos. Primeiro, a PHDA tem um componente genético importante: estudos de famílias, de gémeos e crian ças adoptadas demonstraram que a PHDA tem uma hereditariedade que ronda os 74%.”
São abordados outros temas, como a oposição ao uso do flúor em medicina dentária (da autoria do mestre em medicina dentária Ricardo Lopes), a cirurgia em idade pediátrica (pelo cirurgião Filipe Magalhães Ramos), a anestesia em crianças (pela anestesiologista Susana Garcia Vargas), o tratamento da depressão em crianças e uso de antidepressivos (pelo pedopsiquiatra Nuno Pangaio) e a escola, brincadeiras ebullying(Ricardo Lopes). O livro é de um valor inestimável para quem pretende tomar decisões bem informadas acerca da saúde das crianças.
Experiências pessoais e relatos isolados, por si sós, não provam nada. O fato de uma solução/terapia/intervenção ser usada há décadas ou séculos não implica que ela seja segura ou eficiente. O fato de uma solução/terapia/intervenção ser baseada numa nova descoberta científica ou numa tecnologia maravilhosa não implica que ela seja segura ou eficiente. Opiniões de especialistas, autoridades ou celebridades não bastam para embasar uma alegação.
O artigo todo é muito bom e vale a leitura, mas como é longo e está em inglês, vamos dar um resumo por aqui. O princípio básico é de que alegações de eficácia e propostas para a solução de problemas – médicos, sociais, econômicos, domésticos, você escolhe – devem, sempre que possível, ser baseadas em evidência produzida preferencialmente por comparações justas.
A ideia de comparação justa – em que os grupos avaliados têm formação semelhante, encontram-se em condições iguais e são tratados de forma idêntica, exceto no que diz respeito à intervenção testada – é a base dos RCTs médicos. Generalizar o procedimento específico dos testes clínicos para questões sociais pode ser complicado (embora não impossível), mas o princípio é algo que vale a pena ter em mente, ainda que como um ideal a ser alcançado.
Fazem também parte do guia uma série de princípios que, neste alvorecer do século 21, quatrocentos anos após a Revolução Científica e quase duzentos anos depois de a profissão médica ter se convencido de que lavar mãos salva vidas, deveriam ser tão óbvios quanto o fato de que galinhas têm penas e porcos não voam. Mas não são. São princípios que precisam ser aprendidos, repetidos, e defendidos com unhas e dentes no debate público. Alguns deles:
Experiências pessoais e relatos isolados, por si sós, não provam nada;
O fato de uma solução/terapia/intervenção ser usada há décadas ou séculos não implica que ela seja segura ou eficiente;
O fato de uma solução/terapia/intervenção ser baseada numa nova descoberta científica ou numa tecnologia maravilhosa não implica que ela seja segura ou eficiente;
Opiniões de especialistas, autoridades ou celebridades não bastam para embasar uma alegação;
E, o clássico absoluto:
Correlação não implica relação de causa e efeito!
Ou, como os autores do guia escrevem, “muitas pessoas não percebem que duas coisas podem estar associadas sem, necessariamente, uma causar a outra”.
O artigo na “Nature” chama atenção para o fato de que a mídia – incluindo publicações universitárias e o material de divulgação produzido por institutos de pesquisa e enviado para a imprensa – perpetua esse falso elo entre associação e causação, principalmente como estratégia para “esquentar” matérias sobre dietas, saúde e hábitos de consumo.
Notando que o público tem dificuldade em discriminar o grau de confiabilidade de diversos tipos de evidência, o guia cita pesquisa realizada no Reino Unido que apontou que apenas pouco mais de um terço da população britânica confia em pesquisa médica, enquanto que dois terços confiam nas experiências pessoais de amigos e familiares com remédios e tratamentos.
Nem todos os problemas, porém, estão no senso-comum do público em geral, não escolado nas sutilezas do método científico ou nas críticas clássicas de David Hume (1711-1776) à facilidade com que fazemos inferências injustificadas sobre regularidades da natureza e relações de causa e efeito.
Há princípios no guia que dizem respeito a alguns maus hábitos que volta e meia se instalam na prática científica, por exemplo:
Mais dados não são, necessariamente, dados melhores;
Deve-se dar atenção aos resultados principais, não a indicadores indiretos (por exemplo, aumentar a sobrevivência do paciente é mais importante do que melhorar os resultados de seu exame de sangue);
Estudos pequenos podem levar a conclusões erradas;
Os resultados de um único estudo, tomados de forma isolada, podem levar a conclusões erradas;
Declarar um resultado “estatisticamente significativo” ou “não significativo” pode levar a conclusões erradas;
Revisão pelos pares e publicação num periódico científico não são garantia de que a comparação foi justa.
Estes últimos pontos são especialmente importantes hoje em dia, quando vendedores de panaceias, milagres estéticos diversos e defensores de terapias alternativas se esmeram em reunir “evidência científica” a favor de suas gororobas.
A própria “Nature”, para ficar no mesmo periódico, já publicou artigos, revisados pelos pares e nunca retratados, afirmando que o ilusionista israelense Uri Geller era capaz de, por meios paranormais, adivinhar corretamente os resultados de dados agitados dentro de uma caixa fechada; e que água é capaz de reter a “memória” de materiais com que já teve contato.
Vistos isoladamente, cada um desses trabalhos pode parecer revolucionário. No contexto maior da ciência, reduzem-se a curiosidades históricas e lições práticas sobre erros de metodologia.
Seria muito bom se o guia publicado agora fosse disseminado e passasse a embasar discussões, não só de ciência, mas também de política pública – e também, na medida do possível, os processos de tomada de decisão por que todos passamos no dia a dia. Seria uma lufada de ar puro, em meio ao miasma atual de preconceito e arrogância que passa por evidência no discurso público em que, para o bem ou para o mal, todos estamos inseridos.
Incluindo terapia quântica, toque terapêutico (TT), energia vital, reiki, “Ciência da Fada dos Dentes”, “campo energético humano”, Qigong…
Imagem IQC
El Instituto Cochrane, una reconocida organización independiente destinada a estudiar y evaluar tratamientos médicos de todo el mundo, ha concluído que la homeopatía no es medicina.
Un total de siete estudios hechos por el reconocido Instituto Cochrane han concluído que la homeopatía no es más que píldoras de azúcar o gotas de agua aromatizada que no tiene ningún efecto comprobado sobre las enfermedades que dice tratar.
Desde el año 2010, la organización viene poniendo en evidencia que esta pseudociencia carece de todo asidero científico y que poco tiene que ver con la medicina.
Según las bases de la homeopatía, entre más diluido está un componente más efectivo es, aunque en ocasiones solamente se encuentra una partícula de ingrediente activo entre miles de millones de agua o alcohol.
El Cochrane evaluó los efectos que tienen los preparados homeopáticos sobre enfermedades o condiciones como el cáncer, el trastorno de déficit de atención e hiperactividad, el asma, la demencia, la gripe y la inducción al parto, y en todos se encontró que la efectividad es significativamente más baja que los placebos. En algunos de los casos la efectividad es prácticamente indetectable.
La homeopatía fue aprobada en EE.UU. en 1938 por impulso de un senador que era homeópata
Es importante aclarar que los científicos del Instituto Cochrane no tienen ninguna intención de desmontar o desvirtuar nada, sino que más bien tratan de comprobar que los medicamentos y tratamientos hagan lo que prometen hacer.
Aunque en el pasado otros análisis habían revisado la efectividad de la homeopatía sobre el asma y la gripe, en el último análisis se amplió el enfoque, específicamente en el tracto respiratorio superior. De nuevo, no encontraron que tuviera efectos positivos ni negativos: básicamente los preparados homeopáticos, ya sea en píldoras de azúcar (en forma de bolitas) o en gotas, son inertes.
En 2015, otro estudio se centró en un popular producto homeopático de venta libre en muchos países llamado Oscillococcinum que, según la Biblioteca Nacional de Medicina de EE.UU., es fabricado por el laboratorio Boiron y prácticamente no contiene ningún ingrediente activo debido a su dilución extrema.
Otro estudio concluyó que no era recomendable tratar el asma con homeopatía porque no reduce ni alivia los síntomas y se desaconsejó su uso completamente.
En 2018, de nuevo el Instituto Cochrane concluyó que la homeopatía no era mejor que los placebos para tratar infecciones respiratorias en niños. Los investigadores en este análisis de ensayos doble ciego, aleatorizado, controlado o agrupado, evaluaron la eficacia de los medicamentos homeopáticos orales versus placebos idénticos o tratamientos convencionales para las infecciones respiratorias agudas en niños de 0 a 16 años. Los estudios incluidos se seleccionaron de múltiples bases de datos, incluidos los registros MEDLINE, CENTRAL, Embase, CAMbase, AMED, CINAHL, ICTRP de la OMS, la Biblioteca Homeopática Británica y ClinicalTrials.gov.
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“Trocar o sistema de saúde pelas pseudoterapias pode ser um prejuizo grave e inclusive provocar a morte precocemente”. “A homeopatía pode ficar na mesma categoria dos caramelos”
"La homeopatía puede estar en la misma categoría que los caramelos".
Acabar con las pseudociencias se ha convertido en uno de los objetivos a corto plazo de la comunidad científica. Casi 400 médicos y científicos firmaron un texto en septiembre de 2018 para pedir al Ministerio de Sanidad una línea de actuación, y éste recogió el testigo en el mes de noviembre al presentar a los colegios profesionales el borrador de su plan de ataque.
Era el primer paso de un camino que el Gobierno pretende seguir recorriendo durante 2019 y al que se ha referido el ministro Pedro Duque en una entrevista con Diario Médico. El responsable de la cartera de Ciencia y Educación ha atacado abiertamente este tipo de tratamientos e incluso se ha mojado sobre una de las cuestiones más polémicas: ¿debería la homeopatía salir de las farmacias?
A continuación recogemos algunas de sus declaraciones más combativas.
En la lucha contra las pseudoterapias, el Gobierno maneja plazos cortos y Pedro Duque ha anunciado que “a lo largo de 2019 saldrán de los centros sanitarios y de la formación especializada”.
Para ello, el astronauta* pide tiempo porque quieren que el listado de pseudociencias tenga “absoluta exactitud”. “Hay cosas bastante obvias, pseudoterapias sobre las que no hay que pensar mucho porque está claro que lo son, pero debemos ser escrupulosos con otras áreas y pretendidas terapias sobre las que puede haber dudas”, ha asegurado el ministro, que dice que el Gobierno pondrá “a gente a trabajar con ese objetivo: todo el SNS, los centros sanitarios y sus profesionales, deben estar alineados con esta política”.
/Terapias “energéticas” são contos de fadas